Servidores da FCCM realizam treinamento de prevenção e combate a incêndio
7 de março de 2024
Protegido: Felicitações
13 de março de 2024

No último dia 2 de março de 2024, Bekwyijnhtykti Xikrin completou 100 anos. Para celebrar o centenário, a aldeia reuniu todos da Terra Indígena Xikrin para uma festa especial.

“Minha avó tem uma trajetória de mulher guerreira. Passou por vários momentos difíceis, lutou e resistiu, sobreviveu a uma epidemia que quase acabou com o nosso povo na década de 1960”, disse o neto Takak-Nhoti Xikrin.

Detentora de muitos saberes, a anciã conquistou seu espaço e tem sua representatividade de luta inspirando seu povo. Mesmo com o movimento de mulheres indígenas ganhando voz dentro do próprio movimento a pouco tempo, as mulheres, assim como Bekwyijnhtykti Xikrin, têm protagonizado o movimento de forma empoderada, fazendo, ao seu modo, uma grande revolução.

A Fundação Casa da Cultura de Marabá tem uma relação de profundo respeito e amizade com algumas comunidades da região. A etnóloga da instituição, Mirtes Emília, participou da celebração e enalteceu o papel da aniversariante na aldeia.

“É uma mulher que viveu grande parte das memórias contadas pelos Xikrins atuais. Ela é uma biblioteca viva, além de dominar conhecimentos próprios da cultura mebêngôkrê Xikrin. Viveu um período em que a comunidade não indígena estava chegando e povoando a região”, relata Mirtes.
Para Vanda Américo, presidente da FCCM, celebrar 100 anos de história é celebrar a vida. Ela ressalta que a anciã indígena ainda goza de plena lucidez e fala claramente sobre suas lutas e os embates vividos. “Ela é um grande exemplo de mulher e merece todas as comemorações por sua história de garra e persistência na comunidade”.

Durante sua festa de 100 anos, Bekwyijnhtykti Xikrin estava junto com as amigas celebrando a festividade, deixando todos encantados com sua presença.

“Conversar com ela, garante conhecermos a mesma história a partir de perspectivas, vivências e experiencias de alguém que estava do outro lado da história. Toda moeda tem duas faces, como: saber sobre o encontro dos castanheiros com os indígenas rio acima; ou a chegada dos madeireiros para retirada da madeira em larga escala aqui na região; ou mesmo a abertura da Transamazônica a partir das experiencias vividas por uma mulher indígena é incrivelmente lindo. Ela conta por exemplo, da perspectiva da vida feminina como cuidou de filhos de mães mortas nesses embates, como ela cria filhos e filhas que perdem seus familiares na luta pelos castanhais”, fala, emocionada a etnóloga da FCCM que acompanhou a festa.

O neto conta que a comemoração pelos 100 anos teve um sabor ainda mais especial pela proximidade do Dia Internacional da Mulher, comemorado neste dia 8 de março. “A festa foi linda. Teve apresentação de música, dança, comida típica ancestral. E a noite comemoramos a cultura kubên (não-indígena) com bolos e outras coisas”, detalha.

 

Ana Mangas (ASCOM/FCCM)

Comments are closed.

Pular para a barra de ferramentas