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Mirtes, Vanda, Nazaré e Wânia - Foto: Duo Produtora

A data, comemorada internacionalmente, é um marco na luta das mulheres pela afirmação de sua dignidade e contra todas as formas de violência e discriminação. O dia 8 de março se reveste de um duplo significado: celebração de conquistas e recordação de lutas.
No âmbito profissional, as mulheres ainda encontram grandes desafios para conquistar respeito e confiança. Com esforço e dedicação, elas estão destruindo os muros do preconceito.
Como forma de reconhecer e valorizar o papel importante que desempenham dentro da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM), Mirtes, Nazaré, Vanda e Wânia falam sobre a vida, paixões, dificuldades e relação com o trabalho.

 

As intensas paixões de Mirtes

Mirtes Emília Almeida Manaças é uma mulher apaixonada por gente, conhecimento e cultura indígena.
A descoberta do novo fascina a etnóloga da Fundação Casa da Cultura de Marabá. “O diferente me apaixona. Cheguei à fundação por conta da música, e pensei que aqui era só isso. Mas me deparei com um monte de coisa e acabei entrando para a cultura indígena. Marabá tem muitas comunidades indígenas em volta, era muita novidade ao mesmo tempo. E dentro dessas novidades eu tinha muitas possibilidades, e isso me provocava um turbilhão de sentimentos”.


Com isso, Mirtes deixou de lado a música e adentrou na cultura indígena. Se tornou etnóloga, estudou e se aprofundou no assunto. “Aí a Vanda me trouxe de volta para a Casa da Cultura e tudo ficou mais intenso. Sou muita intensa e apaixonada pelo conhecimento. Aqui temos vários projetos, todo dia tem uma novidade. A fundação é um pouco de tudo, é botânica, é zoologia, é espeleologia, é música…. e isso é muito bom”, afirma.
Movida pela paixão, intensidade e conhecimento, Mirtes não se deixa acomodar, e todo dia busca novidades. “Sou uma mulher apaixonada por gente, pelo novo e pela intensidade, e a Casa da Cultura é tudo isso”.

 

A força e a delicadeza de Nazaré

Guerreira, como ela mesma se descreve, Nazaré da Silva Silva aprendeu a lutar, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, e sobressair diante das adversidades da vida.
Cozinheira da Fundação Casa da Cultura, ele cuida da alimentação de dezenas de alunos que frequentam a instituição. Além de cozinhar e servir um por um, ela afirma que sabe o nome de todas as crianças.
Esse cuidado com o trabalho foi seu grande aliado quando foi diagnosticada com câncer. “Pude perceber, durante esse tempo, que a gente não se decai por conta da doença. Mas, porque a gente não tem estrutura psicológica para suportar tudo o que está acontecendo, e o trabalho me ajudou muito. Quando cheguei aqui na fundação, estava com meu psicológico muito abalado e quase desisti do meu concurso”, relembra.


Foi cozinhando, recebendo o sorriso das crianças e o apoio dos colegas de trabalho que Nazaré encontrou forças e resistência para se reerguer. “Foi o meu trabalho que me fez reverter meu quadro. Faço com dedicação e amor o meu trabalho. Sou muito feliz com o que faço”.
Nazaré resolveu lutar e vencer. Resolveu ter sua própria voz e não viver de opções. Nazaré é mulher, mãe e profissional. “Carrego comigo a verdade e a alegria de viver. Aprendi a me sobressair. Sou uma vencedora”.

 

Enérgica e criativa: as multifaces de Vanda Américo

“Até hoje estou descobrindo quem é a Vanda”. É assim que ela começa se descrevendo. Atuante na cultura, meio ambiente, agricultura e pesquisas, Vanda Régia Américo Gomes gosta de trabalhar.
Com criatividade e vontade de fazer, ela afirma que gosta disso, principalmente quando faz algo pela cidade. “Nunca me limitei. Sou uma cidadã de Marabá e tenho desejos e anseios. Uma tribuna só não me complementa. Gosto de projetos sociais e esse momento na Fundação me propicia estar na parte política e operacional”, avalia.
Ativa e à frente de projetos, Vanda sofreu muito preconceito. “Quando cheguei na política não havia muitas mulheres, e as que tinham eram brancas. Vim de origem humilde, sou preta. A gente passa por um processo de preconceito, que é estrutural. Menina preta, solteira, fazendo parte do parlamento e sendo protagonista de uma transformação na história”, recorda Vanda.


A atual presidente da FCCM relembra que era chamada de “nega Vanda”, como uma forma de discriminação e diminuição de seu trabalho, por ser uma mulher ativa e de coragem para enfrentar as adversidades.
“Tem gente que se incomoda. Falam que já cheguei no meu limite. Mas eu continuo com vontade de continuar fazendo e ninguém vai me brecar. A Vanda mulher é muito forte. E estar na Fundação significa que estou escrevendo uma história, que não sei só falar e questionar, sei executar. Posso navegar na pesquisa, no social, ambiental, projetos, museu. Eu gosto de gente e gosto de Marabá. Não vejo a Vanda sentada num banco vendo a vida passar. Quero fazer parte da história” ressalta.

 

As várias mulheres que inspiram Wânia

Desenvolver as funções de mãe, esposa, profissional e amiga são desafios instigantes, que envolvem força, coragem, determinação, amor e afetividade. Wânia Gomes revela que ser várias em uma lhe causa uma explosão de sentimentos. “Com o passar o tempo e com o amadurecimento, a gente percebe que ser mulher é muito maior que essa questão de gênero”.
Wânia afirma que é o resultado da mistura de várias mulheres que já passaram pela sua vida e que fazem parte de suas memórias. “Outras são referências muito importantes para mim”.


Ver mulheres sendo protagonistas de suas próprias histórias e assumindo desafios importantes nos mais diversos setores, como arte, engenharia, medicina, é um orgulho para Wânia, atual diretora do Museu Municipal Francisco Coelho.
“A gente tem muito o que vencer ainda. Nós estamos na luta todos os dias e fazendo valer. Estou diretora do Museu, e é um orgulho muito grande, enquanto marabaense, fazer parte dessa equipe, dando esse pontapé inicial para um projeto tão importante para nossa cidade”, afirma.

 

Texto: Ana Mangas (ASCOM/FCCM)

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