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Há pouco mais de um ano um artefato arqueológico foi encontrado na Aldeia Akrãtikatêjê, localizada no município de Bom Jesus do Tocantins. A peça foi vista depois de uma forte chuva na região que, após a enxurrada de água formar uma pequena erosão no solo, o artefato ficou a mostra.

“Os indígenas viram parte da peça em forma de círculo no chão e se assustaram” conta a cacique Kátia Silene. Ela relembra que foi a professora da aldeia percebeu que se tratava de uma peça de cerâmica e, a partir daí, a equipe da Fundação Casa da Cultura de Marabá foi acionada para ajudar com os procedimentos para trazer o artefato para a sede da instituição.

A peça, que está guardada na FCCM desde então, foi manuseada pela primeira vez na manhã da última segunda-feira, 11 de março, junto com alguns membros da Aldeia Akrãtikatêjê, para iniciar o trabalho de limpeza da peça.

“É interessante perceber essa relação que a Fundação tem com as comunidades, sejam com pescadores, indígenas ou ribeirinhos. Eles têm a Casa da Cultura como referência de suporte e, apesar de, do ponto de vista técnico arqueológico, esse procedimento não ser adequado, não o consideramos errado, porque utilizamos esses artefatos trazidos, para trabalhar educação patrimonial e relembrar memórias da história regional, com a comunidade que os encontrou. E para a nós, que atuamos em uma Instituição de cultura muito próxima da comunidade local, não tem nada de errado nisso, pois precisamos valorizar essa relação com a sociedade”, explica Mirtes Emília, etnóloga da FCCM, que fez questão de ressaltar que a peça estava intacta, da mesma forma como foi retirada da aldeia e só foi mexida com a presença da comunidade.

Outro ponto ressaltado pela etnóloga é a memória que todo esse processo de reconstrução do objeto vai impactar na aldeia. “Eles irão voltar para a comunidade após reconstruir esse objeto e irão repensar valores, tradições, princípios e futuro. Vejo esse item e momento de extremo valor para a comunidade”.

Emocionada, a cacique Kátia Silene rememora, enquanto limpa a peça no laboratório da FCCM, o período da infância em que via a mãe e a vó fazendo peças de barro.

“Meu povo guardava sementes dentro de cabaças, dentro dessas vasilhas de barro. E falo pra eles agora, pra aprenderem a fazer panela de barro pra gente deixar a nossa história”.
Para Kátia, esse trabalho de manuseio e limpeza do artefato é essencial para saber qual povo indígena passou pela terra onde atualmente está a Aldeia Akrãtikatêjê.

O trabalho de limpeza da peça irá continuar pelos próximos dias, para que a segunda etapa possa iniciar.

 

Texto: Ana Mangas (ASCOM/FCCM)

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