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Com o objetivo de garantir o equilíbrio do ecossistema do Rio Flexeira – que é utilizado por várias comunidades e aldeias indígenas desde sua nascente no município de Rondon do Pará até sua foz no Rio Tocantins – a Fundação Casa da Cultura de Marabá, em parceria com o Ministério Público do Estado do Pará, realizou o lançamento do Projeto Resistência do Rio Flexeira.

O encontro realizado na manhã desta sexta-feira, 31, na Aldeia Akrãtikatêjê, na Terra Indígena Mãe Maria, marcou o início da expedição e a primeira coleta de amostras do rio, que será feita em vários pontos ao longo de seu curso.

Com a presença das promotoras de Justiça, Josélia Leontina de Barros Lopes e Alexssandra Mardegan, Vanda Américo, presidente da FCCM, agradeceu à cacique Kátia Silene pela oportunidade de começar o projeto na aldeia. “Esse projeto não vai beneficiar somente essa aldeia, mas toda a sociedade que utiliza o Rio Flexeira, que vem passando por um processo de degradação muito sério. Não sabemos se é mineração, se é o agronegócio, esgoto sanitário de alguma cidade ou outra coisa. Mas, o pescado vem minguando e a água está mais caudalosa, e isso está causando problemas”.

Para Vanda Américo, é preciso que seja mapeado e feito o diagnóstico do rio, para que junto com as autoridades possam ser traçadas ações de preservação e combate de possíveis contaminações.
“A gente acha que é um projeto pequeno, mas não é. Centenas de vidas precisam do Flexeiras, que está morrendo sem a gente perceber. Esse esforço, de todo mundo aqui, é muito importante. Vamos começar esse trabalho, com várias mãos, para salvar esse rio. Esse será o primeiro de muitos. O próximo será o Rio Itacaiunas”, adianta Vanda, que conhece e acompanha as águas do Flexeira desde pequena, já que sua família possui uma chácara no encontro dos rios Flexeira e Tocantins.

Josélia Leontina, promotora de Justiça, disse que essa problemática da água, principalmente nas comunidades indígenas, precisa ser solucionada, e é importante saber a situação do rio atualmente. “Estou muito feliz com mais esse projeto da Fundação. A Kátia já vinha falando com a gente sobre isso e vamos nos empenhar para fazer esse diagnóstico. Contem conosco”, disse Josélia.

Uma das mais contentes com o início do projeto é a cacique Kátia Silene. Para ela, é preciso urgência. “Queremos saber o que está acontecendo com o rio. Lembro de quando queriam colocar o esgoto de Morada Nova no Rio Flexeira. Fomos nós que nos manifestamos, fizemos o documento e não aceitamos. A gente cuida desse rio e reabastece ele com o açude que nós criamos aqui. Os filhotes descem para o Rio Flexeiras no período da piracema. Então, não temos dúvida de que algo está prejudicando o Rio Flexeira. Temos que proteger os rios, e a nossa preocupação é com a nascente mesmo”, releva, ressaltando que atualmente existem 28 aldeias na TI Mãe Maria.

Diante da necessidade do salvamento do Rio Flexeira, o professor doutor José Moacir Ferreira Ribeiro abraçou a causa e integra, junto com a equipe de biólogos da FCCM, o time que fará as coletas e os estudos de diagnóstico sobre o rio.

Com pós doutorado em Entomologia Aquática, com ênfase na Ordem Plecoptera, pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Moacir afirma que com o avanço das cidades e do crescimento populacional desenfreado, os rios acabam sofrendo impactos.

“As comunidades indígenas funcionam como um filtro. Pegam um rio relativamente poluído e o devolvem saudável. São resilientes. Então, preservar isso é de uma importância vital pra as próximas gerações. Agradeço a Vanda e o MP pelo convite. Essa preocupação de preservação ambiental é o primeiro passo e, nós, enquanto pesquisadores vamos trazer um estudo pra vocês do que está acontecendo”, disse o professor, exemplificando que ele estuda um grupo específico de insetos aquáticos que são chamados de bioindicadores da qualidade da água, e que se eles estiverem presentes no Rio Flexeira, por exemplo, vai significar que a água está em boa qualidade porque eles só vivem se a água estiver com todos os aspectos funcionando perfeitamente.

Convidada para integrar o projeto, a promotora Alexssandra Mardegan disse que ficou muito feliz em ver o grupo empenhado em solucionar as problemáticas do Rio Flexeira. “Acho de fundamental importância essa união de esforços. E esse despertar tem tudo a ver com esse novo momento que estamos vivendo de resgate de essência, principalmente para os povos indígenas”, disse.

Também Fazem parte do Projeto Resistência do Rio Flexeira, os biólogos da FCCM, Maricélio Guimarães, Caroline Anjos e Manoel Ananis, e a etnóloga Mirtes Emília.

Texto: Ana Mangas (ASCOM/FCCM)

 

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